Do KYC, AML até KYT: o caminho de conformidade e as inovações tecnológicas na regulamentação das moedas estáveis

Redação: Zhu Weisha

Após a introdução da "Regulamentação de Stablecoins" em Hong Kong, já realizei análises relevantes em cinco artigos, incluindo "Confusão Conceitual Provocada pela Regulamentação de Stablecoins de Hong Kong e Seus Esclarecimentos" (veja o site Sem Cadeia). Este artigo continua a linha de raciocínio de "esclarecimento", focando no desafio central da regulamentação das stablecoins: o equilíbrio entre os requisitos de conformidade e as características técnicas.

Alguns pontos de vista (como mencionado por Huang Lichong em "Hong Kong é apenas 'Web2.5' e não Web3") acreditam que a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) tem requisitos excessivamente rigorosos para KYC (conheça seu cliente) e AML (anti-lavagem de dinheiro). Por exemplo, exige-se "identificação real + retenção de dados + resgate T+1". Mais adiante, discutiremos especificamente sua necessidade. É preciso ter clareza: quando as stablecoins ancoram ativos reais e se conectam ao sistema financeiro tradicional, a atualização da regulamentação é uma escolha inevitável e necessária. Este artigo argumentará sobre a irreplaceabilidade de KYC/AML a partir de três perspectivas: a base de crédito, as dificuldades das instituições não bancárias e as vantagens da tecnologia em blockchain, e explorará um caminho de otimização regulatória baseado na transparência - ou seja, aproveitando ao máximo o papel do KYT (conheça sua transação).

I. Esclarecer equívocos: direito à privacidade, anonimato e necessidade de regulamentação

Privacidade não é segredo, anonimato não é objetivo

Eric Hughes afirmou de forma perspicaz em 1993 na "Declaração dos Ciberpunks": "A privacidade é necessária para uma sociedade aberta na era eletrônica. Privacidade não é segredo. Privacidade é o que não se quer que o mundo todo saiba, mas segredo é o que não se quer que ninguém saiba. Privacidade é o poder de mostrar-se ao mundo de forma seletiva." O anonimato é um meio de proteger a privacidade, e não um objetivo final.

O design de Satoshi Nakamoto (usando endereços de chave pública em vez de identidade real para transações públicas) visa evitar a exposição direta da identidade dos traders no livro-razão público, em conformidade com a filosofia de Eric Hughes. O núcleo dessa filosofia é: a privacidade é um direito pessoal, e o indivíduo deve ter o direito de escolher sob quais condições e para quem divulgar informações. Os usuários podem optar por revelar informações necessárias (como atender aos requisitos de KYC) em troca de serviços, e os provedores de serviços têm a obrigação de proteger a privacidade dos usuários e evitar a divulgação de informações a terceiros.

A razoabilidade real do "conhecimento de cliente"

É crucial lidar bem com a relação entre a verificação de identidade e a transparência pública. A exigência de "transparência da identidade" (ou seja, rastrear até o beneficiário final) não é inaceitável dentro do quadro de regulação financeira; esta é uma regra básica que opera há muito tempo no mundo real (Web2). Muitos projetos bem-sucedidos de Web2 provam que um registro de identidade razoável não levou à perda de usuários; a chave está na normatização e proteção do uso da informação.

Limitações e paradoxos da proteção da privacidade existentes

Os mecanismos de proteção de privacidade das criptomoedas atuais apresentam falhas estruturais: em uma transferência na blockchain, ambas as partes da transação podem ver todos os saldos de ativos uma da outra. Se o contraparte for um conhecido, a situação patrimonial pessoal fica completamente exposta. O risco de expor informações patrimoniais a conhecidos é muito maior do que ao divulgá-las a um banco que está sujeito a cláusulas de confidencialidade rigorosas. Os bancos têm regulamentos internos que proíbem a divulgação de informações sobre ativos dos clientes, enquanto conhecidos não têm essa restrição. Se o ecossistema Web3 espera alcançar uma aplicação em larga escala ("fazer crescer o Web3"), mas se recusa a ceder parte dos direitos de privacidade quando necessário, cairá em uma contradição prática irreconciliável.

Dois, KYC e AML: a pedra angular da ordem financeira moderna

Definição e valor central

KYC (Conheça o seu cliente): o processo central pelo qual as instituições financeiras verificam a identidade dos clientes e avaliam a situação de risco, sendo o ponto de partida para estabelecer relações comerciais confiáveis e prevenir fraudes de identidade.

AML (Anti-Money Laundering): um sistema de defesa que bloqueia a utilização de fundos ilegais para "lavar" dinheiro através do sistema financeiro, sendo crucial para a manutenção da segurança, integridade e justiça judicial do sistema financeiro.

KYC: O ponto de ancoragem para construir confiança financeira

O crédito do Bitcoin vem da sua "transparência do livro-razão", que proporciona rastreabilidade das transações. Da mesma forma, a base de qualquer atividade financeira é a confiança. No sistema financeiro tradicional:

  1. A autenticação de identidade é um ponto de partida confiável: os clientes devem fornecer uma prova de identidade emitida por autoridades governamentais ou outras instituições de prestígio (passaporte, cartão de identidade, etc.) ao abrir uma conta, e passar por uma "entrevista presencial" e uma verificação rigorosa (verificação de comprovante de endereço, preenchimento de formulários) para garantir que os documentos são genuínos e que o titular corresponde. Isso constitui o ponto de ancoragem da confiança mais básico.

  2. A transmissão de crédito depende de uma identidade verificada: os bancos baseiam-se nesta identidade confiável para coletar informações, avaliar riscos e tornam-se nós de confiança na rede financeira. As avaliações de crédito subsequentes e a monitorização de transações são baseadas nisso. Atender aos requisitos de KYC é uma condição prévia para a execução eficaz de AML.

Na era dos bancos online, tecnologias como o reconhecimento facial substituíram parcialmente a assinatura presencial, mas ainda existem desafios em relação à integridade e segurança da transmissão de crédito (como o risco de fraude), frequentemente necessitando de medidas complementares como a vinculação de contas bancárias (utilizando KYC de alta intensidade já realizado pelo banco). Isso confirma novamente a posição central de um mecanismo KYC robusto.

Três, o dilema de conformidade KYC/AML das instituições não bancárias

A "Regulamentação das Stablecoins" de Hong Kong permite que instituições não bancárias elegíveis emitam stablecoins, mas, ao atender a requisitos de KYC/AML com a mesma rigidez que os bancos tradicionais, enfrentam desafios estruturais significativos:

  1. Infraestrutura e experiência escassas: os bancos possuem sistemas de certificação de clientes maduros, modelos de avaliação de risco, equipes de conformidade especializadas e mecanismos de interação com os reguladores. As instituições não bancárias (especialmente startups de tecnologia) enfrentam custos elevados e longos prazos para estabelecer sistemas com eficácia equivalente.

  2. Acesso à autenticação de identidade restrito: Embora locais como a China tenham estabelecido uma infraestrutura robusta de autenticação de identidade (como a interface do Ministério da Segurança Pública), o acesso a ela geralmente é limitado a instituições autorizadas (principalmente bancos), e não está completamente aberto ao público ou a todos os tipos de empresas. Instituições não bancárias têm dificuldade em obter serviços de verificação de identidade de alto nível de garantia de forma conveniente e a baixo custo. A tecnologia de identidade descentralizada (DID) tem um futuro promissor, mas atualmente o desenvolvimento é desigual, com custos elevados, e a aplicação em larga escala ainda levará tempo.

  3. A lógica de defesa de "penetração, retenção, T+1": esses requisitos são precisamente a defesa central contra os riscos específicos das stablecoins:

Identificação real: garantir a transparência do beneficiário final, prevenindo a transferência anônima de grandes quantias de fundos ilícitos.

Retenção de dados: satisfaz as necessidades de auditoria posterior e investigação judicial.

T+1 resgate: oferece um buffer de risco e tempo para verificação, para lidar com potenciais riscos de corridas bancárias.

Estas medidas visam garantir o funcionamento robusto do sistema, e não impor limitações arbitrárias. Assim, sob o atual sistema de autenticação de identidade e condições tecnológicas, exigir que instituições não bancárias assumam obrigações de KYC/AML tão rigorosas quanto as dos bancos é extremamente difícil na prática. As queixas relacionadas refletem um verdadeiro dilema operacional.

Não é sem razão que os Estados Unidos só permitem que os bancos emitam stablecoins.

A experiência histórica mostra que os princípios radicais do "anarquismo criptográfico" foram corrigidos na prática. No entanto, a questão do equilíbrio entre privacidade e regulamentação ainda persiste. Precisamos de uma plataforma de serviço público confiável (seja em uma arquitetura centralizada ou descentralizada) e transparente. Os usuários devem ceder parte de seus direitos de privacidade a esta plataforma, assim como cedem parte de seus direitos ao governo em troca de ordem e segurança.

Quatro, KYT: Inovação regulatória impulsionada por transparência na cadeia.

Transparência na blockchain: de desafio a vantagem

Transações tradicionais com moeda fiduciária: opaco → depende de auditoria posterior.

Negociação de criptomoedas: verifica-se publicamente na cadeia → suporta monitorização de risco em tempo real.

KYT (Conheça o seu Negócio) utiliza a transparência inerente dos dados da blockchain para rastrear em tempo real o fluxo de fundos através da análise de livros-razão públicos.

Função principal: Utilizar análise de big data e inteligência artificial para monitorar em tempo real as atividades de transação na blockchain, identificar padrões anômalos (como interações com endereços de alto risco, uso de mixers, transferências de grandes montantes em rápida sucessão) e avaliar o risco das transações.

Valor de regulação:

Satisfazer os requisitos de conformidade: ajudar as exchanges, prestadores de serviços de carteira, etc., a cumprir a regulamentação AML, identificando e relatando de forma eficiente atividades suspeitas, reduzindo o risco legal.

Aumentar a eficácia da supervisão: fornecer às autoridades de supervisão uma visão panorâmica de mercado mais abrangente e em tempo real, capacitando a supervisão precisa e a formulação de políticas proativas.

Reforçar a gestão de risco: ajudar as instituições a analisar e avaliar o risco de crédito dos contrapartes com base em dados históricos de transações, prevenindo efetivamente a lavagem de dinheiro e as transações ilegais.

Valor do negócio:

A monitorização automatizada melhora significativamente a eficiência operacional.

Mostrar compromisso de conformidade, aumentar a confiança dos clientes.

Otimização de produtos e serviços com base na análise de dados.

O valor único do KYT: preencher lacunas nas instituições não bancárias

A principal vantagem do KYT é que ele aproveita plenamente a transparência dos dados em blockchain, podendo compensar em grande medida a desvantagem relativa das instituições não bancárias na fase inicial de due diligence de identidade do cliente (KYC), tornando o monitoramento de transações subsequentes e a análise de riscos mais eficientes. Em certos cenários, rastrear transações em blockchain transparentes pode ser até mais viável do que rastrear transações em moeda fiduciária opacas.

V. Conclusão e Recomendações: Abraçar a transparência, otimizar as diretrizes regulatórias

  1. Reafirmar a pedra angular: KYC/AML é insubstituível. KYC e AML são a base para manter a integridade, estabilidade e segurança do sistema financeiro. No campo das stablecoins, onde as características de risco são únicas, a sua importância não deve ser diminuída, mas sim enfatizada.

  2. Reconhecer as diferenças e explorar caminhos pragmáticos: É necessário enfrentar as dificuldades estruturais que as instituições não bancárias encontram ao implementar KYC/AML de alta intensidade. O desenho das diretrizes regulatórias deve:

Explorar soluções de autenticação diversificadas: investigar como expandir de forma segura e em conformidade os canais de acesso a serviços de autenticação de identidade de instituições não bancárias, ou reconhecer novas tecnologias de verificação de alto nível de garantia (como soluções de DID maduras e confiáveis).

Implementar uma regulação diferenciada com base no risco: estabelecer normas de conformidade práticas e graduais de acordo com o tipo de instituição, tamanho do negócio e nível de risco.

  1. Aproveitar as vantagens nativas da criptomoeda: KYT deve ser a ferramenta central: O ponto central da inovação nas diretrizes de regulamentação das stablecoins em Hong Kong deve ser a plena compreensão e utilização das características de transparência das transações em blockchain, evitando a simples aplicação de modelos de regulamentação direcionados a sistemas monetários fiat opacos:

Definir claramente a posição central do KYT: as diretrizes devem incentivar e exigir que as entidades emissoras adotem um sistema KYT robusto para monitoramento de transações em tempo real e gestão de riscos, e que este seja claramente incluído como um dos requisitos essenciais para cumprir com a conformidade AML.

  1. Construir um quadro regulatório "baseado na transparência": O design dos requisitos regulatórios (como padrões de relatório de transações suspeitas e escopo de auditoria) deve levar em consideração a disponibilidade e o potencial de análise dos dados na blockchain. Pode-se tomar como exemplo a orientação "principial" das legislações dos EUA (embora possa parecer "extensa"), mas que reserva espaço para inovação, ao mesmo tempo que, em combinação com a realidade de Hong Kong, estabelece regras mais detalhadas e proativas que aproveitam a vantagem da transparência.

Em suma:

Os rigorosos requisitos de KYC e AML são a base da estabilidade financeira, não podendo ser comprometidos. Apenas as aplicações Web3 que suportam anonimato controlado (ou seja, que permitem um anonimato moderado nas transações após o cumprimento das exigências regulatórias, como KYC) têm a possibilidade de se integrar de forma estreita com o ecossistema Web2, alcançando uma verdadeira massificação.

O principal desafio enfrentado pela Autoridade Monetária de Hong Kong na regulamentação das stablecoins é projetar um caminho viável para instituições não bancárias que respeite as normas de conformidade (KYC/AML) e, ao mesmo tempo, aproveite plenamente a transparência dos ativos criptográficos, incorporando o KYT como um requisito de conformidade. As futuras diretrizes regulatórias devem se empenhar em construir uma estrutura inovadora "baseada na transparência", que, ao mesmo tempo em que controla efetivamente os riscos, promova de forma robusta a prosperidade e o desenvolvimento saudável do ecossistema Web3 de Hong Kong.

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